
A Islândia anunciou esta semana uma inovadora emissão de “obrigações de género”, num montante de 50 milhões de euros. Este tipo de dívida visa o financiamento de projetos destinados a promover o empoderamento feminino num país que, segundo o Fórum Económico Mundial, é o que tem maior igualdade entre homens e mulheres, noticia a Bloomberg.
Este empréstimo obrigacionista vai financiar habitação a preços acessíveis, que se destina, sobretudo, a mulheres em situação vulnerável e com baixos rendimentos (existindo ainda exigências sociais a este respeito). Além disso, pretende reduzir “o peso dos cuidados não remunerados e do trabalho doméstico”, alargando, por exemplo, os serviços estatais de assistência a familiares idosos.
Por outro lado, estabelece mínimos para os projetos que pretendam obter financiamento. A título de exemplo, para uma empresa ser considerada detida por mulheres, pelo menos 51% das suas ações têm de pertencer a mulheres.
Em entrevista à agência noticiosa, o ministro das Finanças islandês, Ingi Johannsson, elogiou o país por estar na “vanguarda da reflexão sobre novas formas de financiar estes problemas” e afirmou que a iniciativa “é um bom sinal para que outros governos sigam o nosso exemplo”. A África do Sul, o Paquistão e a Indonésia já lançaram a ideia de vender este tipo de títulos, embora ainda não o tenham concretizado.
Uma análise da Moody’s relativa a 2023 apontava para um crescimento de 53% da emissão de obrigações sustentáveis alinhadas com a igualdade de género, num total de 49 mil milhões de dólares. Mas, segundo dados de 2022, este tipo de títulos representavam apenas 1% das obrigações verdes, sociais ou ligadas à sustentabilidade, segundo um relatório da ONU Mulheres e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).