A Corticeira Amorim encerrou os primeiros nove meses deste ano com um resultado líquido de 47,8 milhões de euros, uma redução de 28,6% face ao período homólogo. Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o grupo de Santa Maria da Feira reporta uma quebra de 4,8% nas vendas até setembro, para 726,2 milhões de euros, assinalando que os resultados foram “penalizados também pela inclusão de custos não-recorrentes (5,3 milhões) bem como pelo aumento dos encargos financeiros em consequência do maior endividamento médio”.
“Apesar da recente melhoria das condições de mercado em alguns segmentos onde opera, a atividade da Corticeira Amorim continua a ser condicionada pela baixa visibilidade e pela pressão sobre os volumes. Como antecipado, a rentabilidade foi afetada pelos elevados preços de consumo de cortiça, reflexo das condições da campanha de cortiça de 2023, apesar dos benefícios decorrentes do aumento da eficiência industrial e da melhoria do mix”, justifica o CEO e presidente da empresa.
Ainda assim, António Rios de Amorim assegura que “estas adversidades não constituem um obstáculo à ambição de garantir uma gestão eficiente dos recursos e de continuar a crescer no futuro”. No mesmo documento anuncia que, tal como já tinha feito há um ano (retomou uma tradição iniciada em 2012 e apenas interrompida no ano da pandemia), quando pagou um dividendo extraordinário bruto de 0,09 euros por ação, o conselho de administração vai propor à assembleia geral de acionistas, a 2 de dezembro, igualmente a distribuição parcial de reservas distribuíveis de 9 cêntimos por ação.
Rentabilidade a cair, reestruturação a fechar
Tal como nos trimestres anteriores, à exceção da Amorim Cork Composites, todas as unidades de negócio continuam a registar uma redução das vendas. Algo que “reflete na generalidade o contexto adverso do mercado, com impacto na performance dos volumes”, não obstante a “melhoria” registada no terceiro trimestre deste ano. O EBITDA consolidado totalizou 127,6 milhões (vs. 139,8 milhões no período homólogo), com a respetiva margem a cifrar-se em 17,6% (compara com 18,3% há um ano), com a rentabilidade a ser penalizada pelo aumento dos preços de consumo de matérias-primas cortiça e pelo efeito da desalavancagem operacional.
No final de setembro, a dívida remunerada líquida ascendia a 214,1 milhões de euros. “Apesar do aumento do investimento em ativo fixo (31,9 milhões), do pagamento de dividendos (26,6 milhões) e do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (5,3 milhões), foi possível reduzir a dívida líquida em 26,7 milhões de euros face ao final de dezembro de 2023”, descreve a gigante corticeira na mesma comunicação enviada esta segunda-feira à tarde à CMVM.
O grupo nortenho está a concentrar numa nova unidade de negócios (Amorim Cork Solutions) os atuais três segmentos “não rolha” — produção de pavimentos, isolamentos e compósitos de cortiça — através da incorporação da Amorim Cork Flooring e da Amorim Cork Insulation na sociedade Amorim Cork Composites (ACC), que será “renomeada e reestruturada”, passando o seu atual CEO, João Pedro Azevedo, a liderar esta nova estrutura a partir de janeiro de 2025. Uma mudança que, frisa Rios de Amorim, “conduzirá a uma gestão mais integrada das operações e potenciará sinergias industriais, comercias e de suporte” nestas três áreas.
A 1 de outubro, através do grupo SACI, a Corticeira Amorim anunciou a compra da italiana Intercap, especializada na produção de cápsulas de surbouchage para espumantes e vinhos tranquilos, por 10 milhões de euros. A primeira fase da aquisição (participação de 55%) foi realizada no mês passado, estando o resto da operação programada para março de 2025.