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Excesso de liquidez na Zona Euro cai mais de um terço desde 2022

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A política monetária do Banco Central Europeu (BCE) tem sido pautada por uma redução gradual do seu balanço. Esse processo tem decorrido de forma controlada “sem causar perturbações significativas nos mercados financeiros ou na economia da Zona Euro”, segundo Isabel Schnabel, membro da Comissão Executiva do BCE, por forma a garantir estabilidade no sistema financeiro europeu.

No decorrer da abertura da conferência anual sobre mercados monetários do BCE, que acontece entre esta quinta-feira e amanhã em Frankfurt, Schnabel destacou que o excesso de liquidez na área do euro diminuiu consideravelmente nos últimos dois anos, caindo mais de um terço relativamente ao pico de 2022. “Caiu para baixo dos 3 biliões de euros há cerca de um mês”, sublinhou ainda a economista na sua apresentação.

Esta diminuição do excesso de liquidez na área do euro resultou predominantemente do reembolso dos empréstimos por parte dos bancos que tinham contraído ao abrigo da terceira série de operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas (TLTRO) e, mais recentemente, pela “eliminação progressiva dos reinvestimentos de obrigações com vencimento ao abrigo das carteiras de política monetária do Eurosistema” por parte do BCE.

A partir de janeiro de 2025 o Eurosistema deixará de reinvestir qualquer das suas participações em obrigações de política monetária, [levando a uma redução das carteiras] em cerca de 40 mil milhões por mês.

Isabel Schnabel

Membro do conselho executivo do BCE

O BCE tem monitorizado de perto o impacto desta operação nos mercados financeiros no sistema bancário e na economia, como por várias ocasiões Christine Lagarde, presidente do BCE, tem referido no decorrer das conferências de imprensa após as reuniões do Conselho do BCE, salientando que essas operações têm sido realizadas de forma ponderada.

Schnabel sublinhou também que “a redução do balanço do BCE está a progredir sem sobressaltos”, notando que isso tem ajudado “a melhorar o funcionamento do mercado, com sinais claros de aumento da atividade de mercado e redistribuição de reservas entre bancos e fronteiras”.

Além disso, Schnabel destacou também que “a partir de janeiro de 2025 o Eurosistema deixará de reinvestir qualquer das suas participações em obrigações de política monetária”, levando a uma redução das carteiras “em cerca de 40 mil milhões por mês”.

A responsável do BCE explicou que o novo quadro operacional da instituição, anunciado em março, tem sido eficaz no apoio ao funcionamento do mercado e na implementação da política monetária. Este quadro baseia-se num sistema orientado pela procura, onde as reservas são fornecidas elasticamente mediante pedido através das operações de refinanciamento padrão.

Schnabel destacou três desenvolvimentos importantes:

  1. Normalização nos mercados de recompra (repo), com taxas a convergir para níveis mais normais.
  2. Aumento da atividade de financiamento baseada no mercado e redistribuição do excesso de liquidez.
  3. Baixa sensibilidade da €STR (a taxa de referência da área do euro que representa as condições de empréstimo overnight sem garantia dos bancos) às alterações no excesso de liquidez.

Apesar destes desenvolvimentos positivos, Schnabel alertou ainda que é demasiado cedo para avaliar se a €STR é um indicador apropriado da escassez de reservas. “A sua resiliência até agora pode simplesmente sugerir que as reservas permanecem amplas”.

A responsável do BCE concluiu a sua apresentação notando que o excesso de liquidez continua amplo na Zona Euro, mas que é necessário continuar a monitorizar de perto a situação à medida que o balanço do BCE continua a diminuir.

“Esperamos que este processo continue à medida que o excesso de liquidez diminui ainda mais, com os bancos a recorrerem cada vez mais às nossas operações de refinanciamento padrão”, afirmou Schnabel.


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