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BCE mantém taxas de juro pela quinta vez e abre porta a descida

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O conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) voltou a deixar as suas taxas de juro inalteradas. É a quinta reunião consecutiva em que não há alterações nas taxas diretoras do banco central. No entanto, o banco central mostra-se mais otimista, abrindo a porta ao primeiro corte de juros desde 2019.

“A inflação continuou a cair, liderada pela inflação mais baixa dos preços dos produtos alimentares e dos bens”, refere o BCE, no comunicado com a sua decisão sobre a manutenção das taxas de juro. “A maior parte das medidas da inflação subjacente estão a diminuir, o crescimento dos salários está a moderar-se gradualmente e as empresas estão a absorver parte do aumento dos custos laborais nos seus lucros”, aponta o conselho de governadores do BCE, adotando um discurso bastante mais moderado, uma indicação que a entidade poderá estar a preparar o primeiro corte de juros em junho, como esperado pelo mercado.

Tal como no anterior comunicado, a instituição liderada por Christine Lagarde reitera que “as condições de financiamento são restritivas e os anteriores aumentos das taxas de juro continuam a pesar sobre a procura, o que está a ajudar a reduzir a inflação”, acrescentando, porém, que “as pressões internas sobre os preços são fortes e mantêm a inflação dos preços dos serviços elevada”.

“Se a avaliação atualizada do Conselho do BCE relativamente às perspetivas de inflação, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária aumentassem ainda mais a sua confiança de que a inflação está a convergir para o objetivo de forma sustentada, seria apropriado reduzir o nível atual de restrição da política monetária“, admite o conselho do BCE, abrindo, claramente, a porta a uma descida de juros.

Esta mudança no discurso por parte dos membros do conselho do BCE vem dar força às expectativas dos mercados, que estão a apontar para junho a primeira descida de juros.

Os investidores estão a descontar um corte acumulado entre 80 a 90 pontos base em 2024, o que aponta para pelo menos três cortes de 25 pontos base até dezembro. O consenso dos economistas é semelhante, com a sondagem da Bloomberg a apontar para três cortes de juros este ano, com uma redução em cada trimestre. Depois de junho, o BCE tem reuniões agendadas para 18 de julho, 12 de setembro, 17 de outubro e 12 de dezembro.

A taxa de facilidade permanente de depósito permanece nos 4%, mantendo-se assim no nível mais elevado de sempre. A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez manteve-se nos 4,5% e 4,75%, respetivamente.

O conselho do BCE refere, porém, que continuará a decidir reunião a reunião, com base nos dados económicos, “para determinar o nível e a duração apropriados da restrição, e não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica“.

O BCE desceu os juros pela última vez em setembro de 2019, quando colocou a taxa dos depósitos em -0,5%. Os juros ficaram em mínimos históricos até julho de 2022, seguindo-se depois dez agravamentos consecutivos em pouco mais de um ano, num total de 450 pontos base.

Com a inflação a mostrar sinais de que está a convergir para o objetivo de 2% do banco central, os investidores estão mais confiantes numa mudança na política monetária na Zona Euro. A inflação de março baixou para 2,4%, um mínimo desde julho de 2021. O indicador subjacente, que exclui alimentos e energia, baixou duas décimas para 2,9%, o que representa o nível mais baixo desde fevereiro de 2022.

Quanto ao programa de compra de ativos (APP) e do programa de compra de ativos devido a emergência pandémica (PEPP), o BCE não fez alterações, reiterando que a carteira do APP está a “diminuir a um ritmo comedido e previsível” e que no primeiro semestre deste ano, “o Conselho do BCE tenciona continuar a reinvestir, na totalidade, os pagamentos de capital dos títulos vincendos adquiridos ao abrigo do PEPP”.

Tal como no comunicado anterior, o BCE refere que, no segundo semestre do ano, pretende reduzir a carteira do PEPP, em média, em 7,5 mil milhões de euros por mês e relembrou que “o Conselho do BCE tenciona descontinuar os reinvestimentos no contexto do PEPP no final de 2024”.

(Notícia atualizada às 13h44)


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